sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Crônica de voo número 2

Viagens de avião parece que inspiram histórias engraçadas. Talvez porque estejamos fora do nosso habitat natural e, por mais que os voos se tornem rotina, somos seres que não foram feitos para voar.
Com esse estranhamento, a travessia soa quase sempre como um desafio ao intransponível. Pois então alguém já viu passageiros de ônibus aplaudirem o motorista quando o veículo chega são e salvo ao destino final, em dia de chuva. Eu já vi os aplausos acontecerem em pouso de aeronave.
Não tenho muitas horas de voo e, como muitos, também ainda não estou totalmente habituado à rotina aérea e, às vezes, me deparo com situações inesperadas (para mim).
Foi o que aconteceu nesta semana. Há poucos dias fui a Caxias do Sul e, para a volta a São Paulo, cheguei ao pequeno aeroporto local próximo da hora do embarque (meia hora antes). Como não havia feito check-in de antemão, entrei na fila para efetuar o procedimento e recebi o bilhete, com o assento de número 11. Pensei: um número bom, assento no meio do avião, ou seja, em localização favorável para uma saída rápida, quando fosse desembarcar.
No entanto, logo que eu sentei, apertei o botão para reclinar o banco e, para minha surpresa, nada aconteceu. Simplesmente, não se moveu um centímetro. Reparei que havia dizeres nas costas da poltrona da frente, mais ou menos nesses termos: a regulamentação obrigava a limitar o reclino para não atrapalhar a saída de emergência. Na hora, nem me toquei que, no caso, limitar significava impossibilitar qualquer grau de inclinação.
Não contente com o que acreditava ser um problema no equipamento, após passar o período de ascensão da aeronave, na primeira oportunidade (quando a aeromoça veio servir o amendoim de bordo), reclamei. A moça não se fez de rogada: "Mas esse banco não reclina".
Pois é, ninguém em terra havia me alertado e, mesmo havendo alguns (poucos, é verdade) assentos livres em outras áreas , me reservaram assento que obrigava o passageiro a viajar na vertical.
Aprendi mais uma lição: fazer o check-in o quanto antes pode evitar problemas como esse. Mas que a companhia podia ter avisado, podia.